30 de set. de 2011

Papos de sexta: Pontes de palavras, por Regiane Winarski

Em meus quase quatro anos trabalhando como tradutora, já ouvi várias vezes que a tradução é um mal necessário. Que o tradutor é um escritor frustrado. Que o texto traduzido é um texto falso. Mas tenho que discordar dessas ideias.

Como leitora ávida, antes mesmo de optar pela profissão de tradutora, posso dizer que o que me encanta são histórias. Quando comecei a ler Monteiro Lobato, aos 7 anos, nunca parei para pensar na existência de outras línguas. Quando fiz o upgrade dos livros infantis para os best-sellers que meus pais tinham em casa, descobri outros países, outros mundos, lendo livros traduzidos. Fui levada à Inglaterra de Arthur Conan Doyle e Agatha Christie, aos Estados Unidos de Stephen King, ao confinamento de Anne Frank.  De que outra forma eu poderia ter conhecido Kafka, Dostoiévsky, Kundera, Camus, Zafón?

Por esse motivo, contesto quem diz que a tradução é um mal necessário. Como ver como um mal a capacidade de tornar uma bela história acessível a quem não domina a língua na qual foi escrita? É claro que, assim como em qualquer profissão, há bons e maus profissionais, os que buscam se aprimorar e os acomodados, os que encaram apenas como sustento e os que amam seu ofício. Mas o tradutor é o operário invisível que constrói a ponte entre o leitor e o escritor estrangeiro. Dificilmente o tradutor não é um amante de livros, embora nem sempre consiga trabalhar com o gênero de texto de que gosta (sou uma sortuda nesse aspecto). Em geral, acho que posso dizer que o tradutor ama as palavras, as construções, se encanta com a beleza dos sons e dos encaixes, adora trocadilhos e se frustra com piadas intraduzíveis e, mais do que tudo, quer que o leitor daquele livro sinta as mesmas emoções que ele ao lê-lo pela primeira vez (ao menos quando o livro é bom, rs).

O bom profissional sabe que precisa entender a voz do autor para poder transportá-la para sua língua e que deve interferir o mínimo possível. Quando interfere (pois duas línguas nunca são um par perfeito, onde há correspondência em uma para tudo que existe na outra), faz isso buscando se manter fiel ao autor e à natureza do texto. O bom tradutor também precisa dominar o português, escrever com correção, ter uma boa base cultural, ter disposição para abrir mil dicionários e gramáticas quando precisa (Wikipedia não vale!), ter paciência para pesquisar as coisas mais loucas, ter humildade para admitir que não sabe tudo, não ter vergonha de perguntar e não ter preguiça. O cérebro vive alerta, mesmo quando parece desligado. (São os momentos em que tenho as melhores ideias!) E, ainda que não ame o tipo de texto com o qual trabalha, o bom tradutor precisa lembrar que sua assinatura acompanha seu trabalho e que ele é seu cartão de visita, produto do seu esforço e que deve ser o melhor que ele é capaz de fazer.

Tenho muito orgulho do meu trabalho e comemoro o dia de hoje com alegria. Desejo muito sucesso aos meus colegas de profissão e torço para que cada vez mais os leitores não percebam o nosso trabalho enquanto leem um livro. Quando um leitor aprecia o texto de um autor sem perceber o trabalho do tradutor, isso quer dizer que esse trabalho foi bem-feito. Mas passar despercebido não quer dizer ser esquecido. Por isso, viva o dia do tradutor!
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Regiane é colaboradora da Galera Record e já traduziu vários títulos, dentre eles Swoon - amor além do tempo, Dezesseis luas, Quando cai o raio, Insaciável e Dezessete luas.

O Papos de sexta hoje é extra e especial em homenagem aos tradutores! Feliz dia do tradutor! =)

23 de set. de 2011

Papos de sexta: Clube do livro, por Garota it

Na semana passada eu fui para São Paulo – sou de Santa Catarina – e fiquei lá por dois dias. O motivo principal foi o evento que a Galera Record promoveu para blogueiros com a Lauren Kate. Mas apesar de o evento ter sido ótimo, o que eu mais gostei da viagem foi poder conhecer e falar com pessoas sobre o que eu gostava - aí não gerava aquele clima de não saber o que falar, sabe? Pessoas que eu só conhecia pela internet e quando falei pessoalmente a conversa simplesmente fluía.


Conheci pessoas maravilhosas - blogueiros ou não - que, com certeza, tornaram a experiência ainda melhor. Infelizmente, não pude ir para à Bienal do Rio, e imagino que as emoções em uma Bienal sejam ainda mais intensas, já que as muitas pessoas que estão lá curtem... LIVROS! Como foi a primeira vez em um evento literário eu achei tudo muito mágico e maravilhoso, e não vejo a hora para curtir isso de novo!


Depois disso eu sempre me pego pensando que há várias pessoas que não tem a oportunidade de conversar pessoalmente sobre a leitura. E, na maioria das vezes, não é por falta de pessoas com gostos em comum, mas sim porque as pessoas estão escondidas.


Um belo exemplo é o Clube do Livro da minha cidade. As meninas que começaram (hoje blogueiras) não tinham grandes pretensões e não imaginavam que o grupo cresceria tão rápido. Agora o clube está perto de completar um ano e conta com mais de 20 membros (ativos). Pode parecer pouco para alguns, mas em uma cidade pequena como Tubarão (quase 100 mil habitantes), isso é significativo, já que até pouco tempo o clube não tinha nem local para os encontros (atualmente é na Academia de Letras da Cidade).


A maioria das grandes capitais possui um Clube do Livro, sendo que o do Rio de Janeiro bomba em todos os encontros. Se na sua cidade não tem, que tal tomar a iniciativa? Utilize a internet a seu favor e pesquise pessoas que gostem de ler e convide para formar um grupo. Compartilhem experiências, indiquem livros, exponham suas ideias. É fato, você vai se apaixonar ainda mais por leitura.

16 de set. de 2011

Papos de sexta: Espiões das ideias, por Vivi Maurey

Tudo começa com uma fagulha, depois caminha para a explosão. Se não explode naquele momento é pq ainda faltam algumas coisas. Aí é só jogar mais lenha e álcool. É assim que funciona a minha cabeça. E a analogia com fogueira ou fogo é pq sou do signo de áries e nada mais compreensível, certo? Comigo é assim! Se é fogo funciona, se não é...

Pausa: Se vc ainda não entendeu é pq deve ser do signo de ar, risos.

As ideias costumam chegar tudo de uma vez. Procurando ou não por elas, uma massa de ingredientes praticamente é jogada em cima de mim; o tempo todo. Se não anoto, vou perdê-las. Eu sei pq já aconteceu! Mas elas voltam... por isso não me desespero.

Mas as ideias que funcionam... aquelas que significam alguma coisa, são reflexos do que a gente vê: relacionamentos. Achei engraçado quando perguntada em que se inspirava para escrever os livros, Lauren Kate respondeu que cada um tem a sua inspiração: vampiro, anjos, amor, medo, relacionamentos... e a resposta dela foi 'pessoas'. E me identifiquei tanto com isso, pq desde pequena gosto de observar as coisas e a maneira como as pessoas falam, o que elas fazem com a mão enquanto contam histórias, os olhos se brilham ou não, se ficam apagados dependendo do assunto, o tom de voz, as respostas e as reações... Somos espiões das ideias.

Eu faço isso e admito que os verdadeiros donos das ideias são as pessoas... e quem as observa é que vive roubando coisas e leva o crédito, risos. Mas observar as pessoas não é tão invasivo como parece. Pode parecer tolice, mas quanto mais vejo como as coisas são, mais aprendo com os outros e comigo mesma. É até simples. A modelagem é apenas uma consequência.

Mas como eu disse antes... é uma combustão pra mim. Sair na rua e ver pessoas é sempre uma fonte de inspiração. E imagina 'sentir' isso todos os dias e nem sempre ter um papel ou caneta (ou meu Evernote no celular como ultimamente), rs.

Para um escritor ou aprendiz de (acho que me encaixo no segundo ainda, né?), chega a ser frustrante explodir - ou seria implodir? - e continuar implodindo sem ter para onde expandir essas ideias.

Bom, enquanto isso... vou observando mais e mais, alimentando minha gaveta espiã!

E você? O que te inspira na hora de escrever? Comente aí!

Bjocas,

Vivi 

14 de set. de 2011

Resenhas do Clube em Série: Poder dos cinco, de Anthony Horowitz


Quer saber a opinião dos leitores de Poder dos cinco, de Anthony Horowitz?
Recebemos os comentários e vamos compartilhar com vocês!


“Anthony Horowitz escreve de uma maneira muito intensa, e a partir do momento que você começa a ler o primeiro livro dessa série você não consegue parar. Fiquei muito aflita acompanhando os personagens em seus dilemas que pareciam não ter fim! Amei mesmo, principalmente por causa dos conhecimentos adquiridos, o autor nos ensina muitas coisas com seus livros!"
(Laila Galvão)


"Uma história arrebatadora, repleta de mistérios e magia. Sonhos sem explicação, mortes inesperadas, segredos obscuros e portais amaldiçoados. Narrativa leve e clara, apresentação gráfica impecável, leitura perfeita para todos os amantes da literatura fantástica. O Poder dos Cinco é tão instigante quanto as outras séries de sucesso atual. É simplesmente fascinante. Recomendadíssimo!”
(Priscilla Santana)


"Nunca havia visto uma história com a dose exata de suspense, assuntos sobrenaturais, e o clímax vêm no ponto certo também. Anthony Horowitz consegue fazer uma narrativa incrível, com personagens maravilhosos (confesso, que vez ou outra me dava vontade de ser o Matt :x), fora o cenário que em certa parte é em Londres, cidade que eu amo! Recomendo pra todo mundo a série O Poder dos Cinco!"
(Carolina Araújo) 

E então, pessoal, gostaram das opiniões das leitoras? O próximo será em breve! Fique de olho no blog para participar!

Bjs da Galera!

9 de set. de 2011

Papos de sexta: A proliferação dos blogueiros, por Rafa Fustagno

Tenho um amigo que é meu companheiro de Bienais; ele foi comigo em várias. No sábado, ele resolveu me acompanhar na maratona das palestras e filas de autógrafos. No caminho ele começou a fazer perguntas: "Nossa você agora tem blog né? E mandou fazer botton, marcador, ecobag... está se profissionalizando", eu ri porque pensei : "Como assim ele nunca viu isso?"

Mas aí lembrei que em 2009, na última Bienal que ele me acompanhou, eu não escrevia para blog nenhum; na verdade, se alguém tinha blog quase não falava dele, não tinham blogs literários escolhidos como veículos oficiais de cobertura do evento... mas fiquei pensando e não disse nada porque até então nem eu havia parado para pensar nisso.

Chegando no primeiro pavilhão encontrei umas cinco amigas (obviamente todas blogueiras), elas entregaram a ele marcadores do blog e falaram: "Entre, siga, comente", momento dele me olhando e eu sabia que eu devia explicações: "Então, é assim: os blogs tem seguidores, vc vê quantas pessoas o acompanham, tem blog com sete mil seguidores, com três mil e alguns, outros começando a engatinhar com menos de cem..."

Ele balançou a cabeça e disse: "Ah, o seu tem quantos?" Eu disse: "Não tenho blog próprio, escrevo colunas". Claro que ele perguntou por que. Respondi na hora: "Blog não é fácil de manter, tem que estar sempre atualizando, tem que tentar aumentar as parcerias com as editoras, criar promos, estar sempre em contato com os seguidores; ter blog é se doar, é tirar do próprio bolso muitas vezes para manter ele no ar e gastar uma boa grana nos correios, por isso mesmo é comum um blog ser de duas ou mais pessoas para darem conta de tantas tarefas."


Curioso como ele sempre foi, ele disse: "Ah, mas então as editoras pagam para vocês lerem os livros deles?" Fiz que não com a cabeça, expliquei que a graça estava em conseguir livros para resenhar, de preferência um para lermos e outro para fazer uma promoção, e, lógico, se a editora mandar marcadores e bottons então a promo será um sucesso! Mas ter blog não pode ser só pelo intuito de ganhar livros, as pessoas não imaginam como o que escrevem podem influenciar quem lê; blog é uma troca de experiências do que se leu e do que ainda vai ler."


Ele continuou me olhando e dificultou as coisas: “Ok, então se todo mundo pode ter um blog, o que diferencia um de ser um sucesso e outro de não ser?” Eita que nem eu sei a fórmula mágica, mas respondi que imaginava que era primeiro pela simpatia da dona, depois pelos número de promoções que tem no ar e com isso o número de editoras e autores parceiros, depois completei que o boca a boca na distribuição de marcadores e outros mimos com o nome do blog se fazia diferenciar...


Já estávamos no pavilhão azul quando vimos mais amigas blogueiras até de outros estados na fila para o Café Literário. Ele ficou impressionado como em um evento em que eu costumava falar com menos de 5 pessoas conhecidas, cumprimentei na frente dele - acho - mais de 60! Tive que concordar com ele que as coisas mudaram muito em apenas dois anos! Hoje em dia todo mundo é blogueiro, todo mundo sente o prazer de resenhar, de conversar com quem ama ler tanto quanto eles, e também de verificar quantos comentários teve o que postou. Todos sabemos que sucesso de post é número de comentários... bem, todo mundo menos meu amigo, que se assustou com as mudanças na Bienal desse ano e ao se despedir disse: "É, pessoas como você se proliferaram!"

Não sei se acredito... acho que sempre existiram, só precisavam de uma página na internet para colocarem no ar toda essa paixão que estava reprimida! E se você se identificou com esse texto... comenta aí! ;) (rs)

2 de set. de 2011

Papos de sexta: Três prédios, milhares de pessoas, uma paixão, por Frini Georgakopoulos

A fila de carros e ônibus ainda não tomou a frente do primeiro prédio. Enquanto o carro é estacionado, enquanto os passageiros descem do coletivo, os olhos estão vidrados na porta de entrada. Eles não piscam. O prédio é imenso e todos sabem o que ele abriga. A cada passo dado – devagar no início e quase uma corrida à medida que a porta se aproxima -, a ansiedade no peito de cada um se torna quase tangível.

Dentro, somos abrigados do sol, mas não do calor, que domina o local. Mas o sorriso estampado no rosto é tão largo, o frio na barriga é tão bem-vindo, que o calor passa a ser integrante do ambiente, mais um elemento que caracteriza a experiência e que, por mais que desejássemos ser atenuado, não invalida a situação.

Ao passar pela catraca da entrada, os olhos sobem ao teto e os lábios se partem em um silencioso “Uau!”. Espaços lindos, convidativos e não demora muito para nos atrapalharmos. Será que devo sacar o bloco de autógrafos, a máquina fotográfica ou a carteira primeiro? A cada passo, um rosto conhecido, um abraço apertado e vários “você já pegou a senha para tal evento?”, “a fulana já está na fila. Vamos tentar sentar juntas?” e “segura a minha bolsa porque preciso correr naquele estande a-go-ra!”.

Fila. Fila para todos os lados, mas isso também faz parte da experiência. Muitas vezes é uma das melhores partes, pois amizades são feitas nas filas, pessoas se reencontram, confraternizam. Já presenciei – e fa-to que vou presenciar novamente – até aniversários serem comemorados na fila. E rola uma estratégia! Um grupo guarda lugar enquanto outro compra comida. E nada de saladinha! Para aguentar o dia todo, tem que ter sustância! A dieta fica suspensa e dá lugar a alimentos mais ... digamos ... fortes. Água é preciosa nesse evento e deve ser consumida durante o dia todo. Afinal, o calor é grande e ter queda de pressão ou desidratação significa perder um autógrafo.

De repente, ouve-se uma gritaria! É ele! É ela! AimeuDeusvoumorreragora! Carrinhos de golfe passam rapidinho, dirigidos por pessoas rindo horrores e não acreditando que uma pessoa pode causar tanto alarde. Gritaria, correria, mas sempre um ajudando o outro. Nada de empurra-empurra! Então ele ou ela saca uma caneta e .... todos gritam mais ainda!

Não, não é o Rock in Rio. É a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que começou ontem e que já habita o nosso calendário desde o final da última. Lá, ou você escreve ou você lê. Ninguém dubla ou se apoia em dançarinos. É você e o autor e só. Todos amamos as palavras e é por elas que enfrentamos trânsito, calor, filas. O único elemento inebriante é o entusiasmo. As estrelas são autores, que usam as próprias palavras para descrever o que nós – às vezes, tão longe deles – sentimos.

Espero encontrar todos por lá! Curtam os estandes (que estão LINDOS!), comprem muitos livros, tirem muitas fotos, façam amizades, tietem seus autores preferidos, conheçam autores novos e se deixem levar pelo conhecimento, aventura, romance, suspense e até pela auto-ajuda! Aqui, todos os livros ajudam. Espero vocês lá!

*Frini Georgakopoulos mediará a Conexão Jovem com Lauren Kate e não consegue parar de sorrir por causa disso. :)